Meu Investimento Capitulo 14

Acordei com meu celular tocando. Pulei da cama e coloquei no silencioso antes que pudesse acordar o Luan. Olhei o visor, é a Thai. Depois eu ligo pra ela. Fui até o banheiro, tomei um banho e me troquei. Voltei pro quarto e me sentei na ponta da cama. O Luan está dormindo tão tranquilamente, fiz um carinho em seu rosto e ele se mexeu um pouco, mas não acordou. Procurei um papel e uma caneta para deixar uma carta escrita pra ele. Ontem dissemos tudo que precisava ser dito, se eu esperar ele acordar só vou tornar esse momento ainda mais difícil. Me sentei na mesa e comecei a escrever não com minhas mãos, mas com meu coração. Deixei a carta do seu lado na cama, dei um beijo em sua testa bem de leve e então fui embora. Peguei o avião e voltei pra casa com o coração apertado, mas sei que fiz a coisa certa, eu e o Luan nunca daria certo, não por agora. Foi um belo sonho vivido, e agora esse sonho chegou ao fim.
-pra quem está sem ajuda do seu papai querido, você está saindo bastante hein filha? Aonde você passou o fim de semana, eu posso saber?
Assim que cheguei em casa, fui bombardeada de perguntas pela minha mãe. Respondi de acordo com o meu humor.
-eu não te devo satisfação mãe
-você realmente está mudada, me respondendo assim
Ela ficou me encarando esperando outra resposta, mas eu decidi não falar mais nada
-bom sendo assim, acho bom você arrumar um emprego para ajudar aqui em casa
-a Laura não ajuda, porque eu preciso ajudar?
-porque a Laura me ajuda no bordel, os clientes vão lá por causa dela
-é claro
-se você quiser se juntar a nos será muito bem vinda, claro que não vai fazer tanto sucesso como sua irmã, mas dá pro gasto
-que tipo de mãe a senhora é? Como pode me oferecer algo assim? É nojento sabia?
-minha querida filha, a mulher tem uma coisa que o homem paga fortunas só para ter por algumas horas. Então precisamos nos aproveitar disso. Porque passar horas trabalhando em qualquer outra coisa pra ganhar uma merreca, se você pode ganhar fortunas por uma hora transando com um cara qualquer
-eu não acredito que a senhora está me aconselhando a virar uma prostituta 
Ela revirou os olhos e disse
-desisto de você, você é muito puritana minha filha
-pode desistir mãe, pois eu não vou mudar, mas não se preocupe, eu vou arrumar um emprego, não pretendo ficar nas suas custas por muito tempo
-ótimo
Fui até o meu quarto e ao desfazer a mala vi o cartão do Dudu. Será que eu tenho coragem de deixar tudo e ir pra São Paulo começar do zero? Eu não conheço ninguém naquela cidade enorme. Seria como realmente começar do zero, eu tenho coragem pra isso?

Luana of

Luan on

Abri os olhos bem devagar. Que horas são? Após alguns segundos abri os olhos totalmente e peguei o celular: 14:45, eu podia ter dormido mais.
-Luana?
Chamei mais duas vezes e nada, levantei e fui até o banheiro
-cadê ela?
Peguei o celular de novo e liguei pro Wellington
-boa tarde negão, você viu a Luana?
-não Luan, eu não a vi hoje
Enquanto pensava aonde a Luana poderia estar, vi um envelope do lado do travesseiro
-quer que eu procure ela pra você?
-não, qualquer coisa eu te ligo de volta
-certo
Desliguei e me sentei na cama pegando o envelope e abrindo, é uma carta.

"Adeus! é adeus, depois de tudo que aconteceu, alguém precisava dizer, alguém precisava dizer pela primeira vez o adeus, o nosso adeus, mas com que palavras? Com que coração? De que jeito? Então vamos voltar ao começo para saber como chegamos ao fim? Voltando ao começo, eu vejo que nós sempre soubemos qual seria o nosso fim, e também sabíamos o quanto iria doer. Desde o primeiro contato nós estávamos cientes da tempestade que viria assim que a gente se permitisse deixar os nossos desejos transparecer, e por isso tentamos com todas as nossas forças não ceder ao instinto, ao desejo. Quando finalmente dissemos sim ao nosso desejo, foi maravilhoso, foi a experiência mais linda da minha vida, mas sobre o nosso fim inevitável, eu sempre soube. Eu sabia, você sabia porque nós nos avisamos, mas nos não nos ouvimos. Eu juro, que pedi a Deus que o tempo parasse, que as coisas fossem mais lentas e eu pudesse ficar bem mais tempo com você. Só eu sei o quanto era bom ficar no teu abraço, o quanto era bom te ouvir dizer que eu fiz das suas viagens algo mais leve, e do quanto gostava do meu cheiro e do meu carinho. Cada momento que passei com você sempre estará comigo. Todos que conviveram com a gente nesse nosso pouco tempo juntos, sabem o quanto eu sou completamente, desesperadamente louca por você, eu entende? O que eu sei do que você sente por mim é quando por descuido teu tu deixava escapar palavras de carinho, ciúmes, ou sua vontade de que eu fosse apenas sua. Eu sei que você também senti algo por mim, mas não sabe o que é, e eu sempre soube o que sinto por você Luan, EU TE AMO. E não quero entrar nos detalhes que nos levaram a adiantar o nosso adeus, pois ambos sabemos, só precisamos ser forte pra enfrentar o quem vem pela frente. Essa é uma carta de despedida, então quero que você saiba e sinta que estou me despedindo, mas meu coração sempre será seu.
Eu amo você.
Adeus".

Reli a carta algumas vezes me focando nas partes que mais me chamou atenção, na verdade só uma parte me chamou atenção, a parte que ela disse que me ama. Não é a primeira vez que alguém diz que me ama, eu escuto isso todo dia, mas nunca foi dessa forma, eu nunca me senti assim, e só de pensar que ela me disse adeus doí tanto, doí pra caramba aqui dentro. Não, isso não pode acabar assim, peguei o telefone e liguei pra ela, mas caiu direto na caixa postal, joguei o celular longe com raiva. Porque ela não me disse tudo isso ontem? Se eu tivesse ouvido ela falar que me ama nunca teria deixado ela ir embora.
-porque você foi covarde assim Luana? Porque não ficou para que a gente pudesse dizer adeus como pessoas normais fazem? Você é uma covarde
Batem na porta
-entra
É o Roberval
-posso entrar?
-entra aí
Ele entrou e se sentou na minha frente
-qual o problema cara? Passei no seu quarto e ouvi vozes
-eu só estava falando comigo mesmo
-cadê a Luana?
-foi embora
-vocês se entenderam?
Entreguei a carta pra ele e ele leu rapidamente.
-ela se despediu através dessa carta?
-a gente conversou ontem, já tínhamos chegado a conclusão que não nos viríamos mais por causa dos últimos acontecimentos, mas achei que a gente iria se ver hoje, eu achei que poderíamos dizer um adeus mais civilizado
-talvez tenha sido melhor assim
-melhor pra quem Roberval?
-para vocês dois
-ela disse ai que me ama, você leu?
-sim, ela te ama, quem não amaria Luan?
-ela não me ama pelo que eu tenho ou pelo que eu sou Rober
-essa garota deixa você irracional sabia?
-eu gosto dela e não quero pensar na possibilidade de nunca mais vê-la
-nunca mais é tempo demais, mas um tempo parece saudável
Fiquei calado
-Luan ela é filha de uma dona de bordel, e a irmã dela era seu caso fixo sempre que você ia pra Bahia
-eu sei, ela me disse isso ontem várias vezes
-não tem como dá certo
-eu sei disso também
-então só segui em frente
-não é tão fácil assim tá legal? As últimas semanas foram muito boas, viajar com ela é uma experiência muito gostosa, ela tornou minha rotina leve, eu vou sentir a falta dela demais
-você logo supera
-eu repito Roberval, não é tão fácil assim
-se concentra em outra pessoa então, não alguém novo, mas alguém do passado
-do que você tá falando?
-da Jade
-foi bom ver ela ontem
-ela também gostou de te ver
-eu não sei se seria uma boa ideia ir por esse caminho, eu a Jade é complicado
-é complicado porque você gosta dela de verdade, ela sim sempre fez parte da sua vida, te conhece e sempre esteve lá por você
-acha que ela toparia voltar?
-desde que dessa vez não fosse escondido, acho que sim
-eu não quero namorar escondido nunca mais, mas também não sei se quero namorar agora
-vai com calma, liga pra ela, marca um jantar, e vê como as coisas acontecem 
-você é um defensor desse namoro hein?
-um homem precisa de uma companhia, e alguém como você precisa de alguém de confiança, a Jade é essa pessoa de confiança
-eu vou pensar Testa, valeu pela conversa
-de nada, vai pra casa hoje?
-vou sim, saímos dentro de uma hora
-certo
Quando fiquei sozinho, guardei a carta da Luana junto com o perfume que ela me deu e fui tomar um banho pra acordar de vez. Duas horas depois estava indo pra casa, talvez rever minha família, matar a saudade deles ocupe minha mente e eu pare de pensar na minha vontade de ir atrás da Luana.

Luan of

Luana on

Estou deitada olhando pro teto do meu quarto e meu telefone tocou, é a Thai, dessa vez eu atendi.
-oi Thai
-amiga, eu já ia chamar a polícia, achei que o Luan tinha te matado
Eu ri sem muito humor.
-desculpa, eu acabei de chegar em casa
-já está em casa? Eu achei que você estaria com o Luan ainda
-eu estava, mas assim que acordei, eu voltei pra casa
-sem se despedir dele, eu suponho
-a gente conversou ontem Thai, ele entendeu o meu ponto de vista, mas pediu que eu dormisse com ele, eu aceite como uma última despedida, mas ao acordar hoje de manhã eu percebi que não ia aguentar dizer adeus olhando pra ele, então vim embora
-porque tinha que dizer adeus pra ele?
-eu já tinha em mente que depois de tudo que aconteceu, não ficaríamos juntos, e ai quando eu cheguei no camarim do show dele em São Paulo, eu vi ele e a ex dele conversando e isso só me deu a certeza que eu precisava, eu não me encaixo na vida dele. Você precisava ver como eles ficam bem juntos Thai, eles nasceram um pro outro
-pode até ser, mas é com você que ele andou dormindo nas últimas semanas
-exatamente, a gente só dormiu junto. O Luan nunca me deixou entrar de fato na vida dele, eu não sei nada dele, eu nunca tive chances amiga. Ele vai assumir um relacionamento serio com alguém como a ex dele, ou até com ela mesmo, eu fui só um caso que durou mais do que ele achava que iria durar
-Luana você tem certeza que quer abrir mão dele?
-não tem do que abrir mão Thai, ele não pertencia a mim
-você está sendo precipitada, você podia dar um tempo por causa das coisas que aconteceu, mas porque um adeus definitivo? Você poderia ter deixado a porta aberta
-não, foi melhor assim
-tem certeza?
-tenho sim, eu já tomei a minha decisão
-então eu vou te apoiar
-obrigada, Thai eu recebi uma proposta de um amigo produtor do Luan
-que proposta?
Contei tudo pra Thai da minha conversa com o Dudu.
-você já aceitou né?
-não, eu fiquei de pensar e qualquer coisa eu ligava pra ele
-pensar no que? Luana você largou a faculdade e tudo que você sempre acreditou a vida toda pra tentar algo na música. Se você continuar morando nesse fim de mundo, não vai consegui nada. Esse tal de Dudu além de morar em São Paulo que é aonde tudo acontece, ele está te oferecendo um emprego e um lugar pra dormir, e o principal, ele é produtor musical, ele tem um estúdio gata, ele pode fazer maravilhas por você. Então repito, o que você ainda está fazendo ai?
-você como sempre tem toda razão, obrigada por me ajudar a tomar uma decisão
-me liga quando chegar em São Paulo
-claro, tchau
Desliguei e, e em seguida liguei pro Dudu. É, eu vou me mudar pra São Paulo.
-oi Dudu é a Luana
-você ligou
-sim
-e ai, quando se muda?
-a proposta ainda está de pé então?
-é claro que sim, eu quero te ajudar Luana
-porque Dudu? Me desculpa a pergunta idiota, mas é que além do Luan ninguém acreditou em mim, e você está me oferecendo uma proposta maravilhosa e a gente nem se conhece, eu não tenho como retribuir a sua generosidade
-eu não quero nada em troca, além do meu nome no seu CD, como eu já disse
-Dudu...
-Luana, eu já te disse, quando eu comecei, eu não tinha nada e não recebi ajuda, eu fui na cara e na coragem, até hoje ainda estou caminhando, você viu quando esteve aqui, o estúdio ainda está em obra, eu ainda tenho muito o que caminhar, mas eu prometi a mim mesmo que quando conseguisse pelo menos um pouco do que sempre sonhei, eu iria ajudar pessoas talentosas como você, você tem talento, só precisa de ajuda, me deixa te ajudar
-é claro que eu deixo, obrigada Dudu
-de nada, quando chega?
-acho que semana que vem, eu preciso resolver umas coisas antes, eu te aviso
-vou aguardar
-obrigada de novo
-de nada de novo
Desliguei muito animada. Eu vou me mudar pra São Paulo. Peguei minha bolsa e fui até a casa do meu pai, eu quero contar pra ele e pro meu irmão meus novos planos.
-vai sair filha?
-vou sim mãe, mas eu volto pro jantar, se a Laura chegar pedi pra ela não sair, eu quero falar com vocês duas
-algum problema?
-não, acho que é a solução dos meus problemas, quando eu voltar a gente conversa
-certo, juízo hein
-tchau mãe
Peguei um táxi e fui pra casa do meu pai. O Otavio atendeu a porta, ele tinha acabado de chegar da faculdade, ele parece animado
-então você está gostando do curso de direito?
-estou adorando Luana, eu devia ter começado antes
-o papai deve estar no céu com esse seu ânimo
-ele está bem feliz mesmo
-que bom meu irmão
-eu ia te perguntar se você ainda tem seus livros, eu preciso comprar um monte, mas acho que você pode ter a maioria
-claro, passa lá em casa amanhã e eu te dou tudo que tenho
-combinado
-o papai está em casa?
-está no quarto
-sua mãe está ai?
-não, pode subir lá
-valeu
Ao chegar na porta do quarto, bati e o meu pai disse
-entra
Quando eu apareci na porta, ele ficou surpreso, eu entrei e ele pediu que eu sentasse, então fiz isso
-algum problema com a sua mãe?
-não, ela está bem
-que bom
-eu estava falando com o Otavio, ele está adorando o curso de direito
-sim, ele vai ser um bom advogado 
-se puxou o seu talento, com certeza vai
Ele assimilou minhas palavras por um tempo e então disse
-o que posso fazer por você Luana?
-o senhor podia me apoiar nas minha decisões pai
-você mudou de ideia?
-não
-então eu também não mudei o meu modo de pensar
-que pena
Ele me olhou sério, novamente pensando no que falar e disse
-veio até aqui por algum motivo especial?
-sim, eu preciso te contar uma coisa
-pode falar
Respirei fundo e mandei ver. Contei que vou me mudar pra São Paulo para tentar algo na música.
-você vai se mudar pra São Paulo?
-sim
-sozinha?
-é
-pra morar aonde e viver do que?
-eu já tenho um trabalho em vista, não quero dar detalhes ainda, mas tem a ver com a música
-seu namoro com o Luan deu bons frutos então?
-ele não é meu namorado pai
-não?
-não, mas ter me envolvido com ele me abriu um novo mundo, e no começo eu tive medo de entrar nesse mundo, mas agora eu decidi deixar esse medo de lado e segui em frente pra vê no que vai dá 
-você tem ideia do que uma cidade como São Paulo pode fazer com você?
-não pai, eu não faço ideia, eu quase nunca sai daqui, eu estou morrendo de medo, mas não posso deixar esse medo me travar. O senhor já me disse que queria ir pra São Paulo quando era mais jovem, achei que pudesse me entender
-eu tomei essa decisão na época porque eu queria fugir
-eu não estou fugindo, eu estou tentando correr atrás do meu sonho
-ah Luana, você tem certeza disso?
-sim pai, eu me mudo no final de semana
-então só me resta te desejar boa sorte
-obrigada, eu te ligo.....
-não, não me ligue, eu prefiro não saber
Fiquei calada assimilando como ele ter falado isso me abalou
-está bem pai, como o senhor quiser
-mas se precisar de ajuda, ai sim pode me ligar
-eu espero não ligar então, tchau pai
-adeus Luana
Respirei fundo e passei no quarto do Otavio para contar as boas novas pra ele , e ele sim ficou feliz por mim, me despedi dele e voltei pra casa. Minha mãe e a Laura estavam curiosas esperando por mim. Me sentei com elas e durante o jantar contei as boas novas. Assim que contei elas ficaram paradas olhando pra minha cara
-tudo bem, agora vocês podem falar alguma coisa
A Laura soltou um gritinho animado
-finalmente você vai fazer algo por você, vai dar um pular de paraquedas sem o paraquedas 
Pensei nas palavras das Laura, é exatamente isso que eu estou fazendo, pulando de paraquedas sem saber o que está me esperando lá em baixo, mas sabe, a sensação é ótima
-você me apoia então?
-é claro, vai ser feliz minha irmã
-obrigada Laura, seu apoio significa muito pra mim
Dei um abraço apertado na minha irmã
-Laura me deixa sozinha com a Luana por favor
-está bem
A Laura saiu e a minha mãe se sentou na minha frente. O que será que ela tem pra me falar?
-a gente nunca se deu bem né Luana?
-mãe....
-eu nunca me dei bem com você, eu confesso isso
-a senhora sempre se deu melhor com a Laura, por mim tudo bem
-eu sei que isso sempre magoou você, mas o que eu posso dizer? Existe coisas que você não pode e nem precisa saber, é melhor assim, mas acredite em mim Luana, eu amo você, do meu jeito, mas amo sim, eu sempre fiz o melhor que eu pode para ter uma boa relação com você
Minha cabeça tombou para trás com as palavras da minha mãe, eu não me lembro se ela me disse isso alguma vez
-você é minha filha e é claro que eu amo você, e como sua mãe eu preciso te perguntar. Você tem ideia do que significa deixar sua vida aqui e se mudar sozinha pra uma cidade como São Paulo?
-todo mundo fica me dizendo isso, e talvez eu não faça ideia de onde esteja me metendo, mas eu só vou saber se for, e se der errado eu posso voltar, não posso?
-é claro que pode, seu quarto sempre vai estar esperando por você
-obrigada mãe, significa muito ouvir isso da senhora 
-como seu pai reagiu?
-ele não me apoia
-eu lamento, deve estar sendo difícil pra você o desprezo dele
-muito
-acredite, está sendo mais difícil pra ele, ele sempre foi louco por você, nem imagino como deve estar sendo pra ele virar as costas assim pra você
-ele tem medo por mim, eu entendo, mas gostaria que ele pelo menos tentasse me apoiar
-quem sabe quando começar a dar certo ele não muda de ideia
-acredita que vai dar certo mãe?
-se você canta tão bem como a Laura sempre fala, acredito que sim
-eu quero que a senhora me prometa que quando tiver a chance vai ir me ouvir cantar
-eu prometo
-obrigada mãe
-só tome cuidado Luana, São Paulo não é uma cidade pequena, tome muito cuidado
-eu vou
-aonde você vai ficar?
-com um amigo
-amigo ou namorado?
-amigo
-está bem, boa sorte
-valeu
-e já sabe, quando quiser, é só voltar, a passeio ou pra ficar, pode voltar
-eu sei

Dei o primeiro passo, e puxei minha mãe para um abraço, quando nos afastamos ela beijou minha testa e vi que estava emocionada, antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela se levantou e se trancou no quarto dela. Essa conversa significou tanto pra mim, agora mais do que nunca eu sei que tomei a decisão certa, alguma coisa dentro de mim me diz que as coisas em São Paulo não serão fáceis, mas vai dar certo, no fim sempre dá certo. Fui pro meu quarto, e peguei o celular, que vontade de ligar pro Luan e contar da minha mudança e então ouvir sua risada ficando feliz por mim, tem um dia que eu o deixei e já estou morrendo de saudade. Será que vou consegui permanecer no adeus que dei pra ele? Peguei o violão e comecei a cantar com o coração apertado, mas permaneci cantando,  e aos poucos fui me sentindo um pouco melhor, a música é o meu lar. Quando olho o relógio, são três da manhã, deixei o violão de lado e fui dormir. Nos próximos dias gastei todo meu tempo arrumando minhas coisas, queria poder levar todos meus instrumentos, em especial meu piano, mas só vai dar pra levar o violão, depois que as coisas melhorarem eu mando buscar. Eu não quis que ninguém me levasse no aeroporto, odeio despedida e fiquei com medo de mudar de ideia.

-eu vou sentir sua falta Luana

-vai nada, eu mal voltei e já estou me mudando

-eu sei, mas vou sentir mesmo assim

-eu também vou sentir a sua Laura, agora depois de mais velhas acho que estamos nos dando melhor

-acho que sim, tome cuidado tá? São Paulo não é como a Bahia

-eu sei disso

-e se precisar de qualquer coisa me liga, sei que o papai não esta te ajudando mais, então se precisar me liga que eu mando dinheiro tá?

-obrigada Laura

-de nada

Nos abraçamos e ela disse

-posso te fazer uma pergunta?
-claro

-você se acertou com o Luan?

-não, a gente não vai mais se ver, e eu não quero falar disso

-esta bem, eu respeito, mas saiba que você deixou escapar um cara muito bacana

-ele nunca foi meu Laura, então eu não deixei ele escapar, ele sempre foi livre pra voar

Ela ficou me olhando e quando ia dizer mais alguma coisa eu disse

-eu preciso ir

-não quer mesmo que eu te leve ao aeroporto?

-não, odeio despedidas

-esta certo, ate logo então

-ate

Peguei um taxi e fui pro aeroporto e agora estou aqui falando com o Gilmar e esperando meu voo
-é Gil, estou me mudando pra São Paulo
-cada vez que nos falamos você tem uma bomba nova
Eu ri
-vem me ver que eu te conto tudo
-eu vou, eu já ia pra São Paulo mesmo, preciso ver minha família
-que bom, pois no feriado que iriamos nos ver, eu não vou consegui ir pra Salvador, então não daria pra te ver
-você se mudando pra São Paulo vai ficar melhor pra gente se ver, minha família toda esta aí e agora minha melhor amiga também
-eu te adoro Gil
-eu também te adoro Luana
-a Thai vem semana que vem, quando você vem? Estou com tanta saudade
-eu vou semana que vem também, no fim de semana

-fala com a Thai, quem sabe vocês não conseguem vir juntos

-eu vou com ela
-tá bom
Me despedi quando chamaram meu voo e entrei no avião, com o coração cheio de sonhos e esperança.
 
Continua?